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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O vestibular da secretária

Começou o vestibular para a nova secretária estadual de educação, Tereza Porto. Ao que tudo indica, passar no provão não será tarefa fácil. A banca examinadora já está cansada de gestões fracassadas na disciplina, que por sua vez não é bem a área específica de atuação da até então presidente do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro, a Proderj.

A principal equação problema com que Tereza vai se deparar em sua gestão é a carência de professores. De acordo com a coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação, Beatriz Lugão, o déficit é de 18 mil (!) profissionais. Em sua primeira semana no cargo, entretanto, a secretária optou por pular a complexa questão.

Preferiu destinar o valioso tempo de prova no lançamento do programa Conexão Professor, que inclui a distribuição de mais de 30 mil laptops para professores do 6º ano ao ensino médio. O equipamento permitirá o acesso dos docentes à internet banda larga e a aplicativos como editor de textos e programas de apresentação. Segundo Tereza, “a idéia é permitir que o professor comece a usar a tecnologia como ferramenta pedagógica”.

Inclusão digital de professores e alunos, informatização pedagógica... Tudo é muito bonito, tudo muito moderninho. Mas numa secretaria financeiramente quebrada, o quesito prioridade é fundamental. O programa Conexão Professor é só purpurina para campanha eleitoral, não afeta a base do caos da educação pública do Estado.

Tudo bem que as verbas destinadas à modernização pedagógica não sejam as mesmas destinadas à contratação de novos professores. Entretanto, ainda assim, o quadro é no mínimo paradoxal: faltam professores enquanto R$70 milhões são investidos em computadores. É importante ressaltar que tecnologia não substitui a necessidade de uma figura humana na função de educador de uma criança.

A crítica aqui é menos para Tereza e mais para esse pensamento governista brasileiro. É lamentável que a prioridade seja sempre a pintura da casa e nunca a reforma estrutural. Para a secretária, fica só o lembrete: falta voltar à questão pulada. E o tempo de prova passa, o ano letivo já começou.

3 comentários:

Vinícius Lisbôa disse...

Pra esse texto o comentário não pode ser diferente de "nota 10".
E quanto a reforma estrutural, acho que já é tarde pra isso. Precisamos destruir a casa e começar dos alicerces...

Iane Filgueiras disse...

Grande Texto. Grande crítica.
Tenho mais nada a comentar, a não ser que concordo plenamente com o Vinícius.
A época de prova já passou há tempos.
Tá na hora de tocar a sinetinha,
acabar com o recreio, e mostrar como o nosso governo está reprovado em todas as matérias desde o maternal.

Beijo pra tu André.
;*

Cássia disse...

gostei de como desenvolveu sua crítica!